Login Automático Aberto para Senha Rigorosa: A Reflexão de uma Brasileira sobre os Códigos Sociais Noruegueses.

26/09/2024
Os noruegueses talvez tenham senhas fortes para se abrir, mas o disco rígido da nova geração precisa ser codificado de forma mais simples para que possam compartilhar seus sentimentos.
Os noruegueses talvez tenham senhas fortes para se abrir, mas o disco rígido da nova geração precisa ser codificado de forma mais simples para que possam compartilhar seus sentimentos.

Como brasileira na Noruega, muitas vezes reflito sobre a forma como expressamos nossas emoções. No Brasil, somos como um "auto-login" – os sentimentos fluem livremente, sem a necessidade de uma senha para acessar o mundo interior de alguém. Nos abrimos rapidamente, damos um abraço sem hesitar e vivemos a vida de maneira intensa. Mas, ao me deparar com a cultura norueguesa, percebi que os noruegueses operam com uma "senha rigorosa". Aqui, as emoções estão protegidas por várias camadas e é necessário tempo e confiança para ter acesso a elas. Essa diferença me proporcionou uma compreensão mais profunda do porquê os noruegueses são assim – não se trata de não sentirem, mas sim de protegerem aquilo que é mais vulnerável. Talvez a nova geração precise encontrar um equilíbrio entre esses extremos, com códigos mais simples para compartilhar emoções, mas também com respeito pela maneira dos noruegueses se resguardarem.

Mesmo escrevendo tudo isso, meus pensamentos estão sempre nos meus filhos. Eles são noruegueses, e a adolescência é uma fase delicada. Iniciar este projeto foi algo amplamente discutido em casa e uma decisão bem pensada. Quero mostrar a eles o valor da expressão, tanto cultural quanto pessoal, e espero que minha experiência os inspire a serem abertos e orgulhosos de quem são, independentemente dos desafios que possam enfrentar.

No mundo de hoje, onde identidade e pertencimento estão constantemente em jogo, é mais importante do que nunca criar espaços para o diálogo e a compreensão. Quero que meus filhos saibam que têm o direito de serem curiosos, de fazer perguntas e de explorar tanto sua herança norueguesa quanto a brasileira. Este projeto não é apenas uma expressão pessoal; é uma plataforma para que eles vejam o valor da diversidade e da inclusão.

Tenho observado um grande foco nas relações jurídicas, e parece que esses vínculos formais, que fazem sentido no ambiente de trabalho, acabam sendo replicados em todas as interações. Essa distância jurídica, às vezes, torna mais difícil estabelecer conexões autênticas e um entendimento genuíno entre as pessoas. Embora eu esteja plenamente ciente dos desafios de navegar pelas diferenças culturais, vejo isso como uma oportunidade para meus filhos desenvolverem empatia e compreensão pelos outros. Aprender como diferentes culturas podem enriquecer nossas vidas os tornará mais fortes e preparados para o mundo. Quero que cresçam sabendo que ser diferente não é uma fraqueza, mas sim uma força.

Com este projeto, também espero contribuir para a quebra de barreiras e estereótipos. Quero que meus filhos percebam que é possível construir pontes entre culturas e que a abertura e o diálogo podem criar um mundo mais inclusivo. Para mim, isso não se trata apenas de compartilhar minhas ideias, mas de fomentar uma cultura de aceitação e respeito – tanto dentro de casa quanto na sociedade.

Em um mundo onde o foco muitas vezes está nas conquistas, é fácil esquecer que a vida também é sobre relacionamentos. Somos constantemente pressionados a alcançar o sucesso, ser os melhores e subir na carreira. Mas e o valor de ter bons amigos, conversas significativas e conexões genuínas com as pessoas ao nosso redor?

Os seres humanos são sociais por natureza. Precisamos uns dos outros para prosperar e nos sentirmos completos. Não se trata apenas de ter acesso a atividades ou eventos, mas de ter acesso a outras pessoas. Encontrar amigos e construir relações é essencial para nossa saúde mental e bem-estar geral.

É importante lembrar que todos somos indivíduos únicos, com nossas próprias histórias, e que temos muito a aprender uns com os outros. Em vez de focarmos apenas em conquistas, podemos começar a valorizar os pequenos momentos de conexão, risadas e abertura que realmente enriquecem nossas vidas.

Quando conversamos uns com os outros, criamos um espaço para compreensão e empatia. Compartilhamos nossos pensamentos, experiências e sentimentos, o que nos dá a oportunidade de crescer e evoluir como seres humanos. Construir laços com os outros pode, na verdade, ser uma das maiores conquistas da vida.

Então, que possamos começar a ver a vida de uma maneira diferente. Vamos reconhecer que as conquistas são apenas uma parte do todo e que o verdadeiro bem-estar vem dos relacionamentos que cultivamos. Que possamos nos abrir mais uns com os outros e lembrar que conversas podem ser uma fonte de força e alegria.